No Ateliê Mil Agulhas, acreditamos que a verdadeira moda não é descartável. Ela é construída sobre peças que contam histórias, que evoluem connosco e que, quando bem-feitas, duram uma vida inteira. Não há melhor exemplo desta filosofia do que o blazer.

Hoje, olhamos para ele como um básico indispensável, a peça que nos “salva” numa reunião importante ou que eleva um par de calças de ganga. Mas este humilde casaco tem uma história extraordinária de rebelião, função e poder.

Vamos desdobrar a história de como o blazer conquistou o mundo e se tornou o símbolo máximo da alfaiataria.

Fase 1: A Origem (O Mar e a Universidade)

A história do blazer não tem uma, mas duas certidões de nascimento, ambas no século XIX e ambas estritamente masculinas. Em ambos os casos, o blazer nasceu como um uniforme: era sobre função, pertença a um grupo e rigor.

⟢ A Lenda Naval: A história mais popular remonta a 1837, ao Capitão do navio da Marinha Real Britânica HMS Blazer. Para receber a Rainha Vitória a bordo, o capitão mandou fazer casacos curtos, de botões dourados e num azul-marinho austero para a sua tripulação, de forma a parecerem mais “arranjados”. A rainha ficou tão impressionada que o design se tornou um padrão.

⟢ A Lenda Académica: A outra origem vem dos clubes de remo. Os remadores do Lady Margaret Boat Club, da Universidade de Cambridge, usavam casacos de flanela de um vermelho-vivo — “blazing red” (vermelho-flamejante) — para se aquecerem.

Duas fotografias vintage em sépia: uma de um oficial da marinha em uniforme, e outra de remadores universitários em blazers vermelhos em um rio com um edifício histórico ao fundo.

Fase 2: A Revolução (Coco Chanel e Yves Saint Laurent)

Durante décadas, o blazer foi território masculino. A ideia de uma mulher o usar era radical — até que duas forças da natureza francesas mudaram tudo.

Duas imagens em preto e branco de mulheres em trajes icónicos: uma vestindo um tailleur Chanel em um atelier, e outra em um smoking YSL em Paris à noite.

1. Coco Chanel (Anos 20 e 30): Chanel foi a pioneira. Numa era de espartilhos, ela olhou para os fatos de desporto e para o guarda-roupa dos seus amantes e “roubou” o tweed e o jersey. Ela criou os primeiros fatos de saia e casaco para mulher, mas baseados no conforto e na função. Ela deu-nos a liberdade.

2. Yves Saint Laurent (1966): Este foi o terramoto. Em 1966, YSL apresentou “Le Smoking” — o primeiro fato-de-fumo (tuxedo) desenhado para uma mulher. Foi um escândalo absoluto. Numa sociedade onde as mulheres eram frequentemente barradas em restaurantes por usarem calças, “Le Smoking” não era apenas roupa; era uma declaração política. Era a apropriação do símbolo máximo do poder masculino, tornando-o andrógino, elegante e incrivelmente sexy. Ele deu-nos o poder.

Fase 3: O Poder (Anos 80 e o “Power Dressing”)

Nos anos 80, as mulheres entravam em força no mercado de trabalho corporativo, e precisavam de uma “armadura” para enfrentar salas de reunião dominadas por homens.

O blazer tornou-se essa armadura. Foi a era do “Power Suit”, imortalizado por designers como Giorgio Armani. Os ombros tornaram-se exageradamente largos, com ombros falsos (ombreiras) proeminentes. O objetivo era criar uma silhueta em “V”, projetando autoridade, ambição e seriedade. A moda estava a dizer: “Estamos aqui e temos de ser levadas a sério.”

Duas imagens: uma mulher em um blazer vermelho dos anos 80 falando ao telefone em um escritório, e um grupo de mulheres em ternos coloridos caminhando com confiança em uma rua.

Fase 4: O Presente (A Peça Universal)

Quatro imagens mostram o blazer em diferentes estilos modernos: um homem de bicicleta, uma mulher tirando uma selfie com blazer rosa, e um grupo de mulheres caminhando com blazers em diversos looks casuais e elegantes.

Hoje, o blazer libertou-se de todas as regras. Perdeu a rigidez dos anos 80, mas manteve o seu poder.

Usamo-lo oversized com calças de ganga e ténis. Usamo-lo cintado com um cinto sobre um vestido fluido. Usamo-lo como parte de um fato de alfaiataria clássico. O blazer deixou de ser uma tendência para se tornar na peça mais versátil e trabalhadora do nosso guarda-roupa.

A Lição do Ateliê Mil Agulhas: O Caimento é TUDO

Porque é que esta história é tão importante para nós, no Ateliê Mil Agulhas?

Porque nenhuma outra peça de roupa no mundo depende tanto do caimento perfeito como o blazer.

É um item de pura alfaiataria. A diferença entre um blazer que a faz sentir-se “desleixada” e um que a faz sentir-se “poderosa” está em milímetros:

⟢ O Ombro: A costura do ombro tem de assentar exatamente onde o seu ombro termina.

⟢ A Manga: O comprimento da manga deve terminar no osso do pulso, permitindo que 1cm do punho da sua camisa (se usar) fique visível.

⟢ A Cintura: Mesmo num corte oversized, o blazer tem de ser estruturado para não a “engolir”. Num corte clássico, o botão da cintura deve fechar suavemente, sem repuxar o tecido.

 Uma estilista em um ateliê de costura fazendo ajustes finos em um blazer bege de uma cliente para garantir um caimento perfeito.

No nosso ateliê em Coimbra, o ajuste de blazers é uma das nossas grandes paixões. Seja a modernizar os ombros de um casaco vintage, a ajustar a cintura de uma peça nova, ou a criar de raiz o seu blazer de sonho, nós compreendemos a arquitetura desta peça.

O blazer não é apenas roupa. É a história de 150 anos de evolução social, vestida no seu corpo.

Tem um blazer no armário que não a faz sentir-se 100% confiante? Traga-o ao nosso ateliê. Vamos mostrar-lhe o poder de um ajuste perfeito!

E para si, qual é a sua forma favorita de usar um blazer? Conte-nos nos comentários!

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