No Ateliê Mil Agulhas, acreditamos que cada peça de roupa conta uma história. Mas poucas histórias são tão ricas, tão complexas ou tão vibrantes como a do Traje Tradicional do Minho. Quando pensamos nele, a imagem imediata é a da mulher minhota: uma explosão de cor, bordados e ouro.   

Contudo, essa imagem radiante conta apenas metade da história.

A verdadeira mestria, a verdadeira alma da cultura minhota, revela-se no dueto. O traje minhoto é um diálogo visual entre o feminino e o masculino. É a parceria entre a exuberância e a sobriedade, onde um não existe sem o outro. Ela é o palco da cor; ele é o pilar da elegância.   

Hoje, queremos celebrar esta identidade a dois, mergulhando no saber-fazer que define ambos.

A Mulher Minhota: Uma Explosão de Cor e Símbolos

O traje feminino do Minho é o mais conhecido, e com razão. É uma obra de arte ambulante, onde cada elemento tem um propósito e um significado. Embora existam dezenas de variações (de festa, de feira, de trabalho, de noiva), o mais icónico é o Traje de Lavradeira de Viana do Castelo.

1. A Camisa de Linho: A base de tudo. Feita em linho fino, é profusamente bordada nos ombros, peito e punhos. Estes bordados, muitas vezes em azul e branco, são de uma delicadeza extrema.

2. O Colete: Curto e justo, o colete (geralmente em veludo preto) é uma peça de pura sedução e contraste, servindo de “moldura” para os bordados da camisa e para o ouro.

3. A Saia e o Avental: Aqui começa a explosão de cor. A saia, quase sempre vermelha, é tecida em lã e coberta por padrões complexos. Por cima, o avental é a peça de maior destaque. É aqui que os famosos bordados de Viana brilham, com motivos florais, corações e símbolos que contam histórias.

4. O Vermelho: A Cor da Vida: Porque é que o “traje de festa” é tão vermelho? Era a cor do poder, da alegria, da fertilidade e do amor. Era uma forma de celebrar a vida e de se destacar nas romarias.

Uma mulher sorridente de meia-idade, vestindo um traje tradicional minhoto ricamente bordado, com um lenço preto na cabeça, uma blusa branca de renda e saia vermelha. Ela exibe numerosas joias de filigrana dourada e segura um buquê de flores silvestres em um campo verde, com ruínas antigas e outras figuras em trajes tradicionais ao fundo.

5. O Ouro: Mais do que Adorno, um Cofre ao Peito O elemento mais impressionante é, sem dúvida, o ouro. As mulheres minhotas usavam (e usam) o seu património ao peito. Não eram jóias; era a poupança da família, o dote, o símbolo de estatuto.

⟢ O Coração de Viana (Filigrana): O símbolo máximo, uma obra-prima de ourivesaria.

⟢ As Arrecadas: Os brincos característicos.

⟢ Os Cordões e Medalhões: Camadas e camadas de ouro que demonstravam a riqueza da família.

O Homem Minhoto: A Elegância Sóbria

Muitas vezes ofuscado pelo brilho do traje feminino, o traje do homem minhoto é igualmente importante. Ele representa a elegância sóbria, a força e a funcionalidade, servindo de “base” perfeita para as cores da sua parceira.

Um homem de meia-idade, com bigode e expressão séria, vestindo um traje tradicional minhoto: chapéu preto, camisa branca, colete escuro, faixa vermelha na cintura e uma longa capa preta sobre os ombros. Ele posa em um campo verde ao entardecer, com uma paisagem rural desfocada ao fundo.

⟢ A Camisa e o Colete: Tal como a mulher, o homem usa uma camisa de linho, muitas vezes bordada (embora de forma mais discreta). Por cima, um colete de lã, quase sempre preto, que define o tronco.

As Calças e a Faixa: As calças pretas, de lã grossa, são a norma. A cintura é marcada por uma faixa preta ou vermelha, um elemento de cor e de suporte.

O Barrete: O barrete (gorro) de lã, muitas vezes caído para o lado, completava o visual, oferecendo proteção contra o frio e o sol.

O traje masculino é a prova de que a elegância não precisa de artifícios, mas sim de bons materiais (lã, linho) e um corte funcional.

Uma imagem dividida. À esquerda, um alfaiate idoso borda um traje tradicional com motivos florais coloridos em um ateliê. À direita, um grupo de jovens aprendizes observa atentamente um mestre alfaiate explicando os detalhes de um traje tradicional minhoto ricamente adornado em um manequim. O título "Porquê Este Traje é Tão Importante? A Visão do Ateliê" está no topo.

Porquê Este Traje é Tão Importante? A Visão do Ateliê

No Ateliê Mil Agulhas, nós não vemos apenas “roupa antiga”. Vemos um nível de mestria artesanal que hoje em dia é raro.

É a Alma do “Slow Fashion”: Numa era de moda rápida, o traje minhoto é o seu oposto absoluto. Era roupa feita para durar uma vida inteira e para ser passada de geração em geração. O investimento em materiais nobres (lã, linho, ouro) e em milhares de horas de bordado manual é algo que nos inspira profundamente.

É um Livro de História Têxtil: Cada ponto de bordado, cada técnica de tecelagem da lã, cada nó na filigrana do ouro… tudo isto são técnicas ancestrais que foram aperfeiçoadas ao longo de séculos. É o ADN do artesanato português.

É uma Tradição Viva: Esta não é uma peça de museu. Vão às Romarias de Viana do Castelo, como a Senhora da Agonia, e vejam. Centenas de mulheres, de todas as idades, saem à rua com um orgulho imenso, usando o ouro das suas avós. É uma cultura viva, que pulsa nas ruas.

No nosso trabalho diário em Coimbra, seja a ajustar um casaco ou a criar um vestido, é esta paixão pela técnica e este respeito pela história que tentamos honrar. O traje minhoto lembra-nos de onde vimos e do valor incalculável do que é “Feito à Mão”.

Qual é o pormenor do traje minhoto que mais a fascina? A explosão de cor ou a delicadeza da filigrana? Adorávamos saber a sua opinião!

Costuras e Arranjos, juntos para criar peças únicas

Mil Agulhas

Portfólio

Serviços

Workshop

Loja

Contacto

+351 934 605 904

email@milagulhas.pt

Seguir

Instagram

X

Facebook

TikTok